A oratória, o bem falar, está ressurgindo nos tempos de mídias rápidas, com força antiga. Em tempos remotos, a oratória era de grande valor e fazia parte da formação das grandes personalidades históricas. Saber o que falar e principalmente como falar é a ferramenta de trabalho dos profissionais da voz; dominar a técnica da oratória faz parte da boa formação dos comunicadores atuais.
Falar bem, incialmente requer domínio das musculaturas envolvidas, como lábios, língua, bochechas além da laringe e palato mole; das caixas de ressonância como nariz, faringe e alguma percepção de registros como os de peito e cabeça. Em seguida, praticar uma escuta da própria fala ajuda a construir a imagem acústica do individuo. Indivisível é a psicodinâmica vocal, a percepção emocional de cada emissão vocal. Complementar a esta estão as escolhas criteriosas e responsáveis das palavras que compõem um discurso.
Na sequencia do bem falar está o bem comunicar. A competência comunicativa do orador. O discurso deve vir emoldurado por beleza e agradabilidade. Ritmo, pausas e melodia compõem esta etapa de elaboração do discurso, fazendo parte da boa oratória. As rimas, a métrica, a sonoridade geral, a distribuição rítmica do discurso acompanhada pelas nuances tonais e de volume da voz adornam e completam o discurso; seduzem e atraem os ouvintes. Essa moldura é a responsável por dizer o não dito, e conduzir o pensamento do ouvinte até o do orador; é a arte da argumentação, da explicação, do convencimento. Em parte, é a retórica.
Nenhuma fala ou discurso é inocente ou neutro. Há sempre um impulso de vontade por traz que o impulsiona a acontecer. Há no mínimo o desejo de compartilhar, emoção, conhecimento ou pensamento. Por sua natureza humana e pessoal o discurso representa uma ideia ao mesmo tempo em que revela o próprio orador que dele e por ele é moldado. Também por isso, um orador quanto mais se expõe, de mais técnica precisa.
A técnica ajuda, entre outras coisas, a manter o foco no discurso e não no orador; e esse foco não pode ser perdido pelo profissional da voz. Mais uma vez o homem está no papel de instrumento e não no papel central. Protagonista sim, mas de uma personagem, ressaltando que para exercer uma personagem temos que nos emprestar a ela o mais verdadeiramente possível sob pena de não ser crível ou mesmo perder lastro. Um desafio a vaidade.
Seja na execução das personagens, ou dos vários papéis que assumimos, seja por necessidade de eficiência, de velocidade na comunicação, de mídias caras ou até mesmo de conhecimentos epidérmicos, todos essas, realidades da vida atual, não pode-se desprezar a eficiência da oratória nessas situações; Uma visita a oratória antiga. O profissional que utiliza voz e a comunicação para alcançar seu objetivo maior, seja lá qual este for, não deve se esquivar de olhar atenciosamente a si mesmo, conhecer-se vocalmente e expressivamente e daí, então, aperfeiçoar-se e selecionar o que usar na construção da sua verve comunicativa para, no momento necessário, exercer seu papel de orador com maestria e eficiência; È o lustrar da ferramenta de trabalho. A técnica vem em auxilio ao homem; atua na coxia, nunca sob os holofotes. È veículo da expressão, instrumento facilitador da arte e não sua limitadora. No aperfeiçoamento profissional há também o aperfeiçoamento pessoal, simultâneos e indissolúveis. Podemos constatar bons pensadores que não são bons oradores, mas não existe um grande orador sem que haja um grande ser humano nele intrínseco.
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